O Pássaro de Asas Fracas
que tinha medo de voar,
não porque fosse covarde,
nem que tivesse medo de altura.
Suas asas quando batiam
doíam como navalhas soltas no ar
talhando-lhe as brancas penas
já cansadas de tanto tentar.
Ele se recolheu no seu ninho,
cresceu solitário,
e a sua volta nasceram espinhos
ponteagudos e maldosos.
Os espinhos lhe torturaram tanto
que a dor de estar só foi tão pesada,
que voar era a única maneira
de abandonar as lembranças passadas.
E pela primeira vez ele foi livre.
Voou em meio a tantos outros pelo céu.
Nem mesmo a dor das asas ou da ferida dos espinhos
o impediu de seguir.
E ele foi solto,
vagando pelo infinito azul.
E se esqueceu de tudo:
da dor, do medo, da solidão.
(Lana Aurik)
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